I CONGRESSO SOBRE O ALENTEJO 1985 ÉVORA

O Alentejo poderia e deveria ser, no presente, uma das mais desenvolvidas regiões de Portugal.

Potencialidades sempre as teve e propostas concretas e fundamentadas, para o seu cabal aproveitamento, nunca faltaram.

Só nunca teve o Poder Regional ou, na ausência deste, o apoio necessário do Poder Central para as implementar.

O Poder Local, no quadro das suas atribuições e competências, muito fez em prol do desenvolvimento das suas terras e do bem estar das populações mas, infelizmente, nunca dispôs do poder efectivo para a gestão dos seus territórios nem dos meios financeiros necessários para intervir para além das suas limitadas competências e a sua voz foi sempre preterida e silenciada pelo ineficaz absolutismo centralista e macrocéfalo do Terreiro do Paço.

A testemunhá-lo estão os importantíssimos Congressos sobre o Alentejo, realizados a partir de 1985, de que irei dando nota nesta página dedicada ao Poder Local, Regionalização e Desenvolvimento.

O Diário do Alentejo, que desde a primeira hora integrou o seu Secretariado, noticiando sempre o essencial dos debates e divulgando as principais propostas deles emanadas; documentos e experiência pessoal, resultante da participação nos mesmos; constituirão o suporte deste trabalho que tem como principal objectivo contribuir para a reflexão sobre as responsabilidades do asfixiante Poder Central na situação dramática que se vive em todo o Alentejo, sobre a importância de defender, valorizar e aprofundar o Poder Local Democrático e sobre a necessidade de prosseguir as acções em defesa da criação e instituição das Regiões Administrativas do Continente, consagradas na Constituição da República há mais de 45 anos, tantos são os anos de boicote às mesmas pelas maiorias PS-PSD.

Governos PS e PSD, com ou sem CDS, que se têm sucedido no poder central há 46 anos consecutivos, cegos, surdos e mudos, de um modo geral, às justas e fundamentadas reivindicações, que ao longo dos últimos 36 anos lhes foram sendo apresentadas, pelos legítimos representantes do Povo Alentejano, pouco ou nada fizeram para as implementar. Eles são os grandes responsáveis pela dramática situação que caracteriza hoje todo o Alentejo, condenado à morte lenta pelas suas políticas anti-democráticas, políticas de direita, implementadas contra a vontade democráticamente expressa em sucessivos actos eleitorais pelo Povo Alentejano, que, votando maioritáriamente à esquerda, sempre foi governado com políticas de direita.

Contando sempre com o apoio e participação da generalidade dos municípios alentejanos, designadamente com aqueles em que comunistas e outros democratas eram maioria, os Congressos sobre o Alentejo desempenharam, ao longo dos últimos 36 anos, um importantíssimo papel na luta em defesa do Poder Local Democrático, pela Regionalização e pelo desenvolvimento do Alentejo.

Questões de actualidade política, económica, social, cultural e ambiental, da maior importância para todo o Alentejo, mereceram a atenção dos sucessivos Congressos sobre o Alentejo e estão patentes nas suas conclusões.

Conjugando saberes regionais e nacionais, mobilizando centenas de congressistas das mais diversas áreas, abertos a todas as sensibilidades e forças políticas, deles emanaram importantíssimas iniciativas entre as quais merece particular referência a necessidade de criar o Movimento Alentejo Regionalização e Desenvolvimento-MARD, cujas iniciativas contaram com a participação de muitos milhares de pessoas e que não deixarão igualmente de marcar presença nesta página.

Surpeendente e inquietante é como o Povo Alentejano, cuja História Milenar é de uma constante resistência e luta, sempre do lado certo da História, tendo um passado exemplar em todos os momentos cruciais de afirmação da nossa soberania e da nossa independência, cujo passado de luta anti-fascista e pela Liberdade é reconhecido (bastaria consultar as relações dos presos políticos que passaram pelas masmorras fascistas para o comprovar), venha revelando, de eleição em eleição, um incompreensível desinteresse pela política e penalizando, ainda de forma mais incompreensível, o único Partido que, ao longo dos últimos 100 anos, em todos os momentos, os bons e os maus, sempre esteve ao seu lado, defendendo intransigentemente os seus interesses.

Vem isto a propósito da crescente e preocupante abstenção que mais uma vez esteve presente nas eleições do passado dia 26 de Setembro. Abstenção tanto mais preocupante quanto era a eleição para o Poder Local Democrático que estava em questão.

Mas, tão grave como a abstenção, é o sentido de voto de quem foi às urnas. Os resultados falam por si e dispensam comentários. Votar maioritariamente nos partidos responsáveis pelo “Alentejicídio” em curso é algo que, confesso-o, tenho muitas dificuldades em aceitar, embora , como é natural, respeite e reconheça os resultados determinados pelo voto popular.

Não aproveitar o direito ao voto, tão duramente conquistado, para julgar e condenar quem deliberadamente assassinou a “REFORMA AGRÁRIA – A Revolução no Alentejo” e Sul do Ribatejo, e conduziu deliberadamente o Alentejo à dramática situação que todos reconhecem existir, é, objectivamente, ser cumplice pela morte lenta a que 46 anos de políticas de direita, levadas a cabo pelas maiorias PS-PSD, com ou sem CDS, têm condenado todo o Alentejo e, sobretudo o Alto (Portalegre) e o Baixo (Beja) Alentejo.

Serão menos de 50 anos suficientes para que se tenha perdido a memória? Quantos anos mais iremos ter que esperar para que os partidos responsáveis pela grave situação que vivemos sejam julgados e condenados como merecem pelos crimes cometidos contra o Alentejo? Sim, porque os crimes políticos não prescrevem, mas só o Povo Soberano os pode julgar e condenar! Para isso precisa de estar bem informado e conhecer a verdade que, como é óbvio os inimigos da mesma tudo fazem para ocultar.

E nós?! Comunistas e Democratas da CDU. Não teremos também de refletir sobre a forma como temos vindo a exercer o poder, Local é certo, mas Poder? Estaremos a dar a devida atenção e acompanhamento à forma como exercemos hoje o poder nas autarquias? Coloco estas questões porque, sinceramente, começo a partilhar, como regra, cada vez mais a ideia de um amigo que sempre considerou que as eleições perdem-se, não se ganham, ou seja, é quem está no poder que perde as eleições e não quem não está que as ganha.

Estou de acordo que se valorizem todos os resultados positivos alcançados, por muito pequenos que sejam. É normal que assim se proceda, e considero muito importante que se procurem as explicações para os mesmos. Como é um facto que se pode perder ou não ganhar apesar de se obterem mais votos, fruto de circunstâncias que é possível determinar, como é notório nas transferências e concentração de votos, sobretudo nas candidaturas para as Câmaras Municipais. Basta comparar os votos obtidos pelos mesmos partidos para a Câmara e para a Assembleia Municipal de um mesmo concelho para, em geral, isso ser visível de imediato.

Mas o que a mim me preocupa, sobremaneira, são os resultados globais alcançados e que traduzem um evidente recuo da influência da CDU, particularmente nas zonas da sua maior influência, em especial no Alentejo. São resultados que exigem reflexão e análise mais atenta e cuidada. Impõe-se procurar compreender o porquê desses resultados sem o que muito dificilmente encontraremos as respostas adequadas para ultrapassar a difícil etapa que atravessamos.

Temos um ideal cuja actualidade me parece indiscutível e que, ainda que de forma difusa, me parece ser cada vez mais atractivo para as camadas mais jovens. Temos um Programa que, não tenho dúvidas, corresponde aos interesses da esmagadora maioria do Povo Português, mas que está longe de ser conhecido e assumido como tal pela esmagadora maioria daqueles que deviam ser os seus mais empenhados defensores. Temos 100 anos de História ao serviço do Povo e da Pátria, em particular das classes trabalhadoras, mas é uma evidência que algo está a falhar e é urgente que se saiba o quê.

Por mim não vejo outro caminho que não seja ouvir atentamente o colectivo partidário, também os democratas que connosco participam no quadro da CDU, pois, é sabido que, onde existam, e enquanto existam, descontentamentos, há divisões, e as divisões constituem um sério obstáculo ao avanço e ultrapassagem das dificuldades que temos pela frente.

Participação e discussão são as armas mais eficazes para superar as notórias insatisfações existentes nalguns camaradas e que importa não ignorar. É preciso ouvir com muita atenção todo o Partido. Sempre foi assim. Este é, estou convicto, o caminho que importa percorrer. Sem desânimos, com serenidade e confiança, sem estéreis radicalismos ou ideias preconcebidas, sem alarmismos ou suspeições que só servem para afastar bons camaradas com naturais e saudáveis opiniões diferentes ou mesmo divergentes. É preciso ouvi-los e tratá-los como camaradas que são e não como se fossem inimigos do Partido. Não o fazer pode significar o pagamento de uma factura demasiado pesada para as próximas gerações…

A direita não dorme, as manobras para a revisão da Constituição estão em curso. A democracia avançada consagrada na Lei Fundamental do País, sobretudo nas suas vertentes económica e social, incomoda os partidos da direita e extrema direita que, infelizmente, sempre contaram, até ao presente, com a cumplicidade de alguns sectores do PS que piscam muito à esquerda mas acabaram sempre a virar à direita, na primeira oportunidade. Sem o PS a revisão que a direita ambiciona não é possível. É bom sublinhá-lo, como é importante que o PS clarifique se vai acompanhar este novo assalto ao poder da direita e da extrema direita.

Nós também não podemos dormir… O Povo, sobretudo os trabalhadores, precisa de um PCP mais forte. Cabe-nos a nós, seus militantes, intervir para que assim seja. Nunca baixar os braços. Nunca desistir. Porque é justa e necessária a luta que travamos.

À Direcção de agir, COM CONFIANÇA, para não termos amanhã que reagir. Por mim cá estarei, como sempre, para apoiar no que puder! Com o PCP. Com a CDU!

LUTA POR ABRIL, pela LIBERDADE-DEMOCRACIA-SOCIALISMO!

O assassínio de Casquinha e Caravela, acto extremo da barbárie levada a cabo pelo “exército de ocupação e opressão” no Alentejo, às ordens do General Passos Esmeriz, mereceu o mais amplo repúdio e condenação de Norte a Sul do País, por parte de todos os sectores progressistas da sociedade portuguesa e, de forma particularmente expressiva, por parte da sua intelectualidade. Se para ilustrar esta página recorri à extraordinária pintura de João Hogan e nas publicações recorri a pinturas de Rogério Ribeiro ou Armando Alves, escolho agora, para relatar tão hediondo crime, até ao presente impune: “CANTATA PRANTO E LOUVOR – EM MEMÓRIA DE CASQUINHA E CARAVELA” publicado pela Edições Avante, em Setembro de 2009, da autoria de Manuel Gusmão e Filipe Chinita, alentejanos, amantes e convictos defensores da “REVOLUÇÃO AGRÁRIA”

Pela força, sensibilidade e realismo com que denúncia a violência de que foi alvo Moisés, retrato da vil repressão de que foram alvo, milhares de Homens e Mulheres, que outro crime não cometeram, que trabalhar e lutar em defesa do pão de cada dia, não posso deixar de incluir também, em “CONTRA REFORMA AGRÁRIA – Terror, Destruição e Morte no Alentejo” e Sul do Ribatejo, um excerto do poema épico “chão e povo.além do tejo – SEIVA E SANGUE PARA SEMPRE”, do hoje poeta Filipe Chinita, destacado funcionário do PCP entre 1974 e finais de 1980, então, membro da Direcção da Organização Regional do Alentejo, a que ambos pertencíamos e que este dedicou ao não menos destacado dirigente da “REFORMA AGRÁRIA – A Revolução no Alentejo” e Sul do Ribatejo, nosso comum amigo, Moisés Calado, cobardemente espancado, no acto da “Entrega de reserva na herdade da boavista …”.

a/gnr/golpeando/as nossas/costas./braços/e/mãos./a/cabeça/ainda/não!/são/eles/que/nos/atacam/

quem/(nos)/ataca/quem/(nos)/oprime/ o/alentejo

chegam-sempre-/com grande estardalhaço/em longa fila/e força/-muitos e em grupo(s)-/saindo/da/extensa/coluna/de/jeeps/ mas são eles/quem/se/protege/com capacetes.escudos.protectores.viseiras/ e p’la colleira cães/-tão- adestrados/quanto eles/ que ladram/e mordem/(como)/réplica/deles/próprios

as/armas/ bem/à/vista./ as/pernas/ bem/abertas./ todos/eles/ machos/ mui machos! /em postura/

bélica

(e)/eis que/alteiam/os/bastões/ eis que zunem/ desferindo/sobre/nós/ nós/(os) que/nos limitávamos/a ali estar/ estar(mos)/ali/sentados/sobre/a/terra/que trabalha(va)mos/ e cultiva/(va)mos/ e com que/amor!

tivemos/que/nos/levantar/à/viva/força!/(e)/de/erguer/os/braços/como/quem/se/protege

simples/gestos/de/defesa/que/não/de/ataque

heróico/(foi)/o moisés/proletário.camponês/humano.homem/grande trabalhador/meu camarada/querido/amigo/ quantas/chibatadas/sobre/ti/(não)/deflagraram/quantas/bastonadas/(não)/caíram/naquela manhã/sobre/o teu vasto/possante/corpo

eras/um homem/fisicamente/poderoso/ mas sem desejo/algum de agressividade/ um calmo homem/tranquilo e/alegre/-que da extrema entrega em que te davas/por vezes adormecias à mesa/das reuniões/ brando/eras – assim um tanto/como diz.ia ela/de mim – quase.manso/de tão/bondoso/ser(es)

dizem/que/jesus/deu/a/outra/face/ (e)/ que/terá sido/um grande homem/um santo/mesmo/ um quasi… deus/deus!/ tu/também

também/tu/ (como) grande dirigente/agrícola.e comunista/que eras/ante/o vasto painel/dos que – tal como eu -/te viam/ isolado/ à/distância/deste o exemplo/ havias-te/deixado isolar/de entre nós/ ou teremos sido nós/ que/(de nós)/ te deixamos/isolar

sem protecção/alguma/deste/o (teu) corpo/vezes sem conta/sem sequer/te/defenderes./sem sequer/esboçares defender-te./colocando tão somente/o levantado/braço/no/ar/(mas) apenas/como/ quem/se/protege./(in)tenta/proteger-se./em vão

a tua boina/ essa tua boina quasi.eterna boina/já delida/pelo/tempo/e o muito/uso/quase desfeita/sempre…/na cabeça./por vezes/parecia/até – assim visto de longe-/que/intentavas/segurá-la/para que não/caísse/(sobre/terra)/

como se mais preocupado/com ela./ a desfeita boina/ do que contigo/próprio./ com a violência/que sobre ti/se/desencadeava/não fosse (ela) cair/ e depois não mais/a conseguisses/recuperar/

mas não/ quando/caía/logo que/caía/procuravas/imediatamente/baixar-te/ e de um só gesto/num único/movimento/apanhá-la/por entre/a saraivada – de bastões-/que sobre ti/ violenta.mente / desabava(m)/continuava(m)/a desabar

não sei/-mesmo-/se na tua face/não persisti(ri)a – (pois) não o conseguia descortinar à distância -/

aquele sorriso ingénuo/e bondoso que/te enchia a/redonda/lua/do/rosto/talvez assomando-te então/um leve esgar/de troça/ e/escárnio

malhavam-te/os/cobardes/ em longa fila/armada/ malharam-te/quase/interminavel/mente/diria/(eu)

parecia até/que a apoteose/nunca/mais/teria/fim

quando/finalmente pararam/estávamos/rubros/de/cólera/e/vergonha./cólera/pela barbárie./selvático espectáculo/que havíamos presenciado./vergonha/de nós mesmos.e da humanidade/por termos sido espectadores.inoperantes/de um episódio/medievo/ a pura barbárie/à solta/ (tudo) em nome de restituir/as terras aos latifundiários/classe contra quem/fize(ra)mos/abril/ (faz) tão só/agora/cinco anos!

Largo painel/de que (eu)/fazia.era/parte/sem que/te pudéssemos – ou soubéssemos – (nós) defender/sem que/nos tenhamos rebelado/ – ou melhor – sem que/ousássemos/sequer/erguer/um só dedo/ sem que/do chão/em verdade/nos levantássemos/ aproveitando de novo/para aqui te abraçar./eu a ti/ josé

mas todos nós/moisés.vimos o teu exemplo/e logo os rostos/ruborizando/afoguearam/a nossa/cara/de homens e mulheres/ apenas grita(ra)mos.vociferando/mas isso de nada (valeu)/ de nada serviu/ lágrimas de cólera.vergonha.e impotência/rolavam.rolaram mesmo/nalguns (dos)/rostos/mas os algozes não se apiedaram/ qual/quê…/ o alentejo /na sua mais negra/face

estou no entanto certo/que ficaste – para todo o sempre – incrustado no olhar/na memória (pro)funda/de quantos presenciaram/aquela/cena/ hedionda cena /de circo.romano!que/se destinava/a violentar.interiormente/a nossa – humana – dignidade/ e/que mais não pretendia/(do) que fazer-nos/(ter) medo/e/desistir

procurando – assim – atingir/funda.mente/a/esperança/que ainda/flamejava/em nós/ insistia/resistia/dentro/de/nós/ drapeja/insiste/persiste/ resiste/ o alentejo

Pintura de Ana Cunhal Zivick 2009

Sempre em defesa do Poder Local de Abril

CDU sempre foi de confiança. Sempre agiu coerentemente em defesa do Poder Local Democrático como uma das grandes conquistas de Abril. Sempre esteve, dentro e fora das instituições, ao lado do Povo, em defesa dos seus direitos e aspirações.

Visite a Página Poder Local Séc. XXI em https://wp.me/Pdfece-3k lá poderá confirmar por si a verdade da afirmação.

É preciso defender, valorizar e reforçar o Poder Local Democrático de Abril. O Poder Local Democrático de Abril. Não se pode permitir que o mesmo seja transformado em mera correia de transmissão do Poder Central, centralista e asfixiante que governa Portugal há 46 anos, contra o que estipula a Constituição da República. Hoje, mais do que nunca, impõe-se reforçar a CDU. Porque reforçar a CDU é dar mais força ao Poder Local Democrático de Abril.

Vote, não se abstenha. Vote CDU.

CDU, é de Confiança.

Agora é a “Bazooka”… Há 23 anos era o “Euro” e a “Expo”… Há 46 anos era o mercado de 400 milhões de consumidores… daqui a 20 anos será o deserto!

É ISSO QUE QUER PARA O ALENTEJO?

É a isso que irá conduzir a política em curso…se não for travada e invertida com urgência…

O que se segue foi escrito há 23 anos… terá perdido actualidade?

ALENTEJO… EURO… EXPO

Batamos palmas, saltemos de alegria, aleluia, aleluia… saudemos a boa nova… O Alentejo tem futuro! O Euro já cá canta e a Expo é um sucesso.

Durante uma semana, a mais importante semana do ano da graça de 1998, a semana entre a entrada triunfal de Portugal no clube do Euro, o tal que nos vai conduzir à igualdade e abrir as portas do paraíso, e a não menos triunfal abertura da Expo/98, a tal onde não se admitem águas nem farnéis e muito menos sardinhadas, ministros e secretários de estado, com sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro à cabeça, calcorrearam o Alentejo anunciando a boa nova: O Alentejo tem futuro… O Alentejo tem futuro … O Alentejo tem futuro…. e o Euro… e a Expo…

Proclamou-o Sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro, repetiram-no Ministros e Secretários de Estado, publicitaram-no em anúncios pagos em toda a imprensa regional e em edições especialmente feitas para o efeito os “boys” da região no PROALENTEJO, na CCRA, nos Governos Civis…. Que não subsista qualquer dúvida: O Alentejo tem futuro! O Euro já cá canta e a Expo é um sucesso.

Para evitar os banhos da multidão reconhecida e ansiosa de aplaudir tão boa nova, Ministros e Secretários de Estado e sobretudo Sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro, com a modéstia que os caracteriza, tiveram o cuidado de não divulgar com antecedência o programa de tão auspiciosa visita. Só pessoas maldizentes poderiam pensar que tão cuidadoso sigilo era para evitar manifestações de descontentamento ou testemunho de má consciência governamental por velhas promessas não cumpridas.

Afinal já bastavam as Brigadas de Trânsito e patrulhas da GNR, espalhadas por toda a região, a funcionar como lembrete junto daqueles que por distracção se não tivessem apercebido da presença de tão altos dignatários. Faltou apenas a distribuição de um folheto do Euro e de um manual sobre o que se pode ou não levar na mochila para a Expo.

Protocolos assinados, projectos anunciados, milhões para combater o desemprego, mais milhões para reforçar o Programa Operacional do Alentejo…reunião com a comissária… dos Euros claro… que decerto visita a Expo pois então… pudemos dormir descansados, o governo está connosco… o Alentejo tem futuro….

Há que ter confiança, ser optimista, ter auto estima, ter uma atitude positiva, proclamam em uníssono. Porque não hajam dúvidas o Alentejo tem futuro….o Euro está aí e a Expo também.

Quem não apoia a política deste governo é contra o desenvolvimento do Alentejo proclama peremptório um distinto autarca da rosa. Sim porque o Alentejo tem futuro….o Euro… a Expo…

Naturalmente que ainda há alguns pequenos problemas, coisa pouca, sem significado. Afinal não se pode responsabilizar o governo pelo envelhecimento e desertificação da região pois este não tem culpa que os alentejanos teimem em envelhecer e em ir trabalhar para a Alemanha ou para a França. Tanto mais que agora até temos a mesma moeda, o nosso Euro, que vale tanto como o dos franceses ou alemães e, como diz um senhor da antena 1, um jornal que custa 200$00 passa a custar só 1 Euro, um livro de 1000$00 apenas 5 Euros e assim por diante. Nisto não é só o Alentejo que tem futuro pois como não se cansam de nos dizer o Euro é bom para o País e é bom para todos nós. E além disso temos a Expo do nosso contentamento cuja entrada custa apenas 25 Euros em vez dos habituais 5000$00 e onde uma água custa apenas 1 Euro em vez dos 200$00. Sugiro a Souza Franco que não perca a ideia e lance um novo slogan na campanha: “Pague menos, pague em Euros…aproveite e vá à Expo”.

O mesmo se pode dizer em relação ao desemprego que como toda a gente sabe é uma coisa do passado. Já era assim antes deste governo ter tomado posse. E o desemprego não é um problema do Alentejo mas um problema de toda a Europa. Uma questão central da construção europeia que, como podem confirmar os mais atentos, faz parte da agenda de todas as cimeiras e consta de todos os tratados e acordos. Só uma grande falta de visão estratégica é que pode fazer do desemprego no Alentejo, mesmo que estrutural e com a maior taxa do País, um grande problema. Ainda por cima num momento em que temos aí o Euro e a Expo sinais inequívocos do nosso sucesso. Punhamos os olhos no futuro, porque o Alentejo tem futuro, e deixemo-nos de coisas comezinhas.

É verdade que se falou no passado de um certo plano de emergência mas não é menos verdade que entretanto se avançou para o PROALENTEJO, um Plano Integrado de Desenvolvimento do Alentejo para dois anos, com mais de 450 milhões de contos, (nota: qualquer coisa como 2.250 milhões de euros) que só as más línguas podem considerar como uma vigarice política e um instrumento de propaganda e promoção do Dr. Carlos Zorrinho, o 1º ministro do Alentejo por delegação do Senhor 1º Ministro de Portugal. De qualquer forma o que afirma o governo é que o Alentejo tem futuro o que naturalmente não se pode confundir com o presente e muito menos com o passado. Quem se atreve a negar tão clara evidência?

E além disso para quê prendermo-nos ao presente, que até se reconhece que não é bom, para tentar pôr em causa as perspectivas de um futuro radioso que se anuncia?

Então não é verdade que temos aí Alqueva em construção e com ele a perspectiva de 110 mil hectares de regadio? Claro que os maldizentes dirão sempre que já devia estar feito há 20 anos e que é inaceitável que um investimento de 300 milhões de contos vá beneficiar fundamentalmente umas centenas de grandes proprietários… mas que culpa tem o governo dos pequenos agricultores terem pouca terra e dos trabalhadores não terem nenhuma? É verdade que os governos da Dinamarca e da Holanda, entre outros, dão apoios aos seus agricultores para se virem instalar no Alentejo mas agora com o Euro vamos ser todos iguais e nós até temos a vantagem de ter feito a última Expo do século e do milénio e… bom… não resolverá o problema mas… é ou não é uma verdade indesmentível?

E depois para quê produzir no Alentejo o que pode vir da Espanha ou da França mais barato e ainda por cima produzido em muitos casos por alentejanos que até podem vir a perder o emprego lá se começamos a produzir cá?… logo agora que até beneficiam de melhores estradas e até de uma auto-estrada para sair mais rápido da região… como disseram os nossos ilustres governantes o Alentejo tem futuro!

Não falou o governo igualmente na diversificação da base económica da região? E em potencializar o Porto de Sines? E do aproveitamento da BA11 para fins civis? E do eixo ferroviário Sines-Sevilha? E da auto-estrada do sul? E dos IP.s e dos IC.s? E da melhoria dos serviços de saúde? E do ensino de qualidade? E de uma segurança social para todos? E….blá…blá…blá? O quê?! Os mineiros e outros trabalhadores protestam…. Há 20 anos que os comunistas falam de tudo isto e lutam pela sua concretização? E que culpa tem o governo dos comunistas serem um partido do passado? Então não é verdade que o Euro… a Expo…. o futuro… que culpa tem o governo?

E já agora digam lá, não somos todos europeus? Que importa que trabalhemos na Alemanha ou na França? Não vamos receber todos no mesmo Euro? Não estamos todos contentes com a nossa Expo? Então?!… batamos palmas, saltemos de alegria, aleluia, aleluia… saudemos a boa nova… O Alentejo tem futuro! O Euro já cá canta e a Expo é um sucesso.

Alentejo, 1 de Junho de 1998

José Soeiro

Agora é “Bazooka” que há um ano já o era, mas agora é que é… basta garantir o votinho nos candidatos do PS e hoops… milagre… tudo estará feito… mas só se votarem no PS, claro…

Está na hora de declarar que não sou contra os socialistas… nem contra os sociais democratas… não! Sou é contra as políticas que o PS e o PSD, com CDS ou sem ele, têm praticado há 46 anos e cujos resultados estão retratados no “ALENTEJICÍDIO” que tem condenado UM POVO-UMA CULTURA-UMA REGIÃO à morte lenta com os resultados que estão à vista de tod@s @s que não fecham os olhos para não ver…

Veja, aqui em https://amaralentejo.org a página “CONTRA REFORMA AGRÁRIA – Terror, Destruição e Morte no Alentejo” e Sul do Ribatejo. Leia com atenção. Não feche os olhos. Verá que encontrará lá redobradas razões para confiar o seu voto à CDU no próximo dia 26.9.2021.

Portugal precisa de retomar o caminho de Abril… antes que seja tarde de mais… o voto na CDU será sempre um voto para mudar para melhor! Os 100 anos de vida do PCP, principal pilar da CDU, são disso garantia. SÃO 100 ANOS DE LUTA COERENTE, AO SERVIÇO DO POVO E DA PÁTRIA, PELA LIBERDADE, PELA DEMOCRACIA, PELO SOCIALISMO.

VOTE BEM. VOTE POR SI, PELO ALENTEJO, POR PORTUGAL!

2. INTRODUÇÃO

CONTRA REFORMA AGRÁRIA – Terror, Destruição e Morte no Alentejo” e Sul do Ribatejo,continuação do meu testemunho “REFORMA AGRÁRIA – A Revolução no Alentejo” e Sul do Ribatejo, testemunho de quem viveu esse período extraordinário da nossa História contemporânea que foi a Revolução de Abril, na condição de interveniente directo numa das suas mais importantes conquistas, “a menina dos olhos da revolução”, apesar de ser escrito sob forma de “Notas e Reflexões”, publicadas na página do facebook “Questão Agrária – Passado, Presente e Futuro” (https://www.facebook.com/Quest%C3%A3o-Agr%C3%A1ria-Passado-Presente-Futuro-171024781216267 ), entre Fevereiro de 2021 e Setembro de 2021, a que juntei alguns comentários e pequenas alterações formais, tem como suporte um conjunto de documentos, alguns fundamentais e incontornáveis, como sejam: a Constituição da República Portuguesa de 2 de Abril de 1976; os projectos de Constituição apresentados pelos principais Partidos representados nas instituições da República (PS-PSD-PCP-CDS), desde a Assembleia Constituinte de 1975; Diário da Assembleia Constituinte; Diário da Assembleia da República; Diário do Governo; Os Programas e posições de diferentes Partidos; Legislação sobre a Reforma Agrária e sobre a Contra Reforma Agrária, como a famigerada “Lei Barreto”; Documentação sobre a intervenção da GNR na Reforma Agrária, entre a qual o importante e esclarecedor “DOCUMENTO DE DIFUSÃO INTERNA” de 2.4.1980, da autoria do General Passos Esmeriz, que me foi gentilmente cedido pelo Antropólogo Paulo Lima; Conferências da Reforma Agrária, seus balanços e conclusões; Balanços com resultados e objectivos de UCP.s; Publicações de diversas entidades e instituições intervenientes no processo como Sindicatos, Secretariados das UCP.s, “CRARA – Associação de Apoio à Reforma Agrária”, “Tribunal Cívico sobre a Reforma Agrária”; Comissão de Defesa de Alqueva, seus Congressos e conclusões dos mesmos; Declarações e intervenções institucionais de diferentes protagonistas; a que se junta a bibliografia consultada e imagens e algumas fotos de que se foi dando conta juntamente com as “Notas e Reflexões” publicadas e cujas imagens se reproduzem em Bibliografia; imprensa desse exaltante período, entre a qual destaco “O Camponês”, “Jornal Reforma Agrária”, “Diário de Lisboa”, “Avante”, “Diário do Alentejo”, “Alavanca”, entre outros.“CONTRA REFORMA AGRÁRIA – Terror, Destruição e Morte no Alentejo” é mais um contributo para esse constante e indispensável combate pela reposição da VERDADE, CONTRA A FALSIFICAÇÃO DA HISTÓRIA.

Falsificação miserável que procura inverter responsabilidades e ilibar os responsáveis desse crime hediondo e de lesa-pátria, que foi o premeditado e bárbaro assassínio da “REFORMA AGRÁRIA – A Revolução no Alentejo” e sul do Ribatejo.

Assassínio que, para além de Crime Político, foi igualmente Crime Económico, Crime Social, Crime Cultural e Ambiental. Crimes que importa conhecer e denunciar em toda a sua dimensão, porque uma das causas do atraso ainda prevalecente na nossa agricultura e da crescente perda da nossa soberania e independência neste sector estratégico, em que é crescente a nossa inaceitável dependência, que é o sector agro-alimentar .

Crime Político, Económico, Social, Cultural e Ambiental que está na origem doAlentejicídioem curso que urge combater e que tem vindo a condenar inexoravelmente o Alentejo, UM POVO, UMA CULTURA, UMA REGIÃO, à morte lenta em que hoje agoniza. Tudo em nome dos interesses e privilégios de quem sempre viveu à custa da exploração e opressão de quem a terra trabalha. Primeiro em nome dos latifundiários e grandes agrários capitalistas, hoje em nome do capital sem rosto das grandes multinacionais agro-alimentares a quem tem vindo a ser alienado esse património estratégico e único que é a Terra, património que devia ser inalienável, porque território nacional. TUDO EM NOME DE UM ANTI-COMUNISMO PRIMÁRIO E PELA CONQUISTA DO PODER A QUALQUER PREÇO, Tudo para servir uns poucos, muito poucos, cujos privilégios foram postos em causa a 25 de Abril de 1974. Tudo contra a LIBERDADE-DEMOCRACIA-SOCIALISMO.

Crime Político, Económico, Social, Cultural e Ambiental cometido no Portugal de Abril, por democratas anti-fascistas que, de braço dado com a extrema direita e outros encapotados defensores da ditadura fascista, de braço dado com Spinola e associações e movimentos golpistas e criminosos a este associados, não respeitaram os seus compromissos democráticos, rasgaram os programas dos seus próprios partidos, violaram de forma grosseira todos os compromissos assumidos, não respeitaram a Constituição que livremente construíram e votaram, traíram a Revolução de Abril, Portugal e o Povo Português.

3. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Índice

Parte 1 – A VERDADE E A FALSIFICAÇÃO DA HISTÓRIA

CAPÍTULO I – OS PRIMEIROS PASSOS

1. A História os julgará

2. A Primeira Ocupação 10.12.1974

3. A Assembleia de 26.1.1975

4. A Declaração de Beja 2.2.1975

5. A 1ª Conferência dos Trabalhadores Agrícolas do Sul

CAPÍTULO II – A REFORMA AGRÁRIA NÃO FRACASSOU

1. A Reforma Agrária não fracassou! Foi criminosamente destruída, assassinada

2. A verdade de que eles têm medo

3. Revolução Agrária Nacional teria sido se…

4. A mentira e a calúnia na CONTRA REFORMA AGRÁRIA

5. A verdade e a falsificação da História (Parte 1)

6. A verdade e a falsificação da História (Parte 2)

7. A verdade e a falsificação da História -António Gervásio

8 . A verdade e a falsificação da História – Francisco Miguel

9 . A verdade e a falsificação da História – AS DUAS INTERVENÇÕES

10. A verdade e a falsificação da História – orientações perigosas

11. A verdade e a falsificação da História – Mais três provas documentais

12. A mentira e a calúnia no Livro Negro do MAP

13. Uma História Negra que vale milhões…

14. DÃO-SE ALVÍSSARAS

PARTE 2 – LEGALIDADE DE ABRIL

CAPITULO III – LEGALIDADE REVOLUCIONÁRIA

1. A razão dos Trabalhadores consagrada na Lei

2. Queremos a Reforma Agrária. A Legalidade Revolucionária

CAPITULO IV – A REFORMA AGRÁRIA E A CONSTITUIÇÃO

1. Reforma Agrária na Constituição. A verdade e a falsificação da História

2. Assembleia Constituinte: As propostas dos Partidos

3. A Reforma Agrária na Constituição da República

4. Violação e incumprimento da Constituição

5. Para onde vai o PS? Conferência de Imprensa de 20.6.1977

PARTE 3 – A CONTRA REFORMA AGRÁRIA

CAPITULO V – A FAMIGERADA LEI BARRETO

1. CRARA contra “Lei Barreto”

2. O PS e o debate na Assembleia da República

3. Vozes Socialistas contra a “Lei Barreto”

4. PCP sempre com os Trabalhadores

5. “Lei farfalhuda” Não acaba com os Comunistas”

6. Desonestidade Política e Intelectual

7. A Utilidade da “Lei Barreto”

CAPITULO VI – A GNR NA CONTRA REFORMA AGRÁRIA

1. A Tese de Mauro Dantas

2. O “Documento Interno” do General Passos Esmeriz

3. O “Exército de Ocupação e Opressão”

4. “A Reforma Agrária Acusa”

5. A força bruta falou mais alto

PARTE 4 A REVOLUÇÃO AGRÁRIA FOI ASSASSINADA

CAPITULO VII – O BALANÇO TENEBROSO QUE SE IMPÕE CONHECER E DIVULGAR

1. Crime Político, Social, Económico, Cultural e Ambiental

2. Crime Político e Traição

3. Crime Social

4. Crime Económico (Parte I)

5. Crime Económico (Parte II) Alqueva

6. Crime Económico (Parte III) Alqueva Agricultura

7. Crime Económico Alqueva Turismo e Água

8. Crime Cultural

9. Crime Ambiental – Foi para isto que se fez Alqueva?

PARTE 5 – CONTRA A MENTIRA, A CALÚNIA, O INSULTO: A VERDADE DOS NÚMEROS

CAPITULO VIII – AS UCP.S NÃO FALIRAM! FORAM DESTRUÍDAS

1. Balanço da 2ª Conferência da Reforma Agrária

2. UCP 1º de Maio – Avis

3. UCP de Casebres – Casebres, Alcácer do Sal

4. UCP Freguesia de Unidade – Ervidel, Aljustrel

5. UCP 12 de Maio – Montargil, Ponte de Sôr

6. UCP Monte, Abrela e Marinhais – Sta Maria Castelo, Alcácer do Sal

7. UCP Esquerda Vencerá – Pias, Serpa

8. UCP Aqui Lutamos Todos – Peroguarda, Ferreira do Alentejo

9. A 5ª Conferência da Reforma Agrária… 5 anos depois

10. Porquê o exemplo de apenas estas 7 UCP.s e não de tantas outras?

CAPITULO IX – A LUTA CONTINUA! VIVA A REFORMA AGRÁRIA!

1. A 12ª Conferência da Reforma Agrária – Um Hino à Revolução

2. Luta e Solidariedade. Homenagem a quem com eles e por eles lutou

3. “O ALENTEJO, PORTUGAL, , PRECISAM…” VIVA A REFORMA AGRÁRIA

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“PORTUGAL, O ALENTEJO, PRECISAM…”

A “REFORMA AGRÁRIA – A Revolução no Alentejo” e Sul do Ribatejo foi assassinada.

Assassinaram a “Revolução”, não o ideal que a inspirou.

Os ideais, quando justos, só necessitam de esclarecimento persistente e de tempo para se afirmar.

Por uma “Reforma Agrária”, embora muitos pareçam ignorá-lo, nunca deixou de se lutar, como procurarei esclarecer com a publicação de alguma documentação e com as “Notas e Reflexões” que irão sendo publicadas na página “O Alentejo, Portugal – precisam de uma Reforma Agrária”...

Nas novas condições, com novos protagonistas, no respeito e cumprimento da Constituição, por iniciativa das instituições representativas do Estado… por iniciativa do Povo, se as condições assim o determinarem, porque não há horas, nem calendário preciso, para que as Revoluções aconteçam…

Como não há Revoluções sem participação efectiva do Povo…

Uma REFORMA AGRÁRIA – “É UMA NECESSIDADE PARA O NOSSO TEMPO“. Basta olhar o Alentejo de hoje para se compreender essa necessidade. Unifiquemos, pois, pacientemente, com confiança, sem impaciências nem precipitações, cada gota do justo descontentamento de Todas e Todos os que são vítimas da situação actual, trabalhadores, agricultores, populações, por forma a que este se transforme no caudal turbulento que nada nem ninguém poderá travar…

As Revoluções não se decretam e sem participação do Povo não há Revolução. Mas um Povo revoltado não é sinónimo de Revolução. Revolução requer, entre outras condições, objectivos claros e precisos, um Programa Político.

Que melhor Programa Político que retomar o caminho de Abril como propõe o Partido Comunista Português?

VIVA A REFORMA AGRÁRIA

A 12ª Conferência da Reforma Agrária – Um Hino à Revolução

A 12ª Conferência é a última das Conferências da Reforma Agrária. Cavaco Silva/PSD, com a sua “Lei do Latifúndio”, consumaria o último acto do seu premeditado assassínio, iniciado por Mário Soares/PS com a sua famigerada “Lei Barreto”.

A Contra Revolução, em que PS-PSD-CDS se empenharam denodadamente e de braço dado, vingava em Portugal. Consumava-se a sórdida negação da Constituição de Abril. Oa sucessivos governos da santa aliança eram governos que actuavam “fora-da- lei” que não respeitavam as leis que eles próprios faziam e, sobretudo, atuaram sempre contra o espírito e a letra da Constituição. Uma vergonha para quem sempre invocou o Estado de Direito Democrático.

A reforma agrária da abundância, pacificadora e do sucesso tão propagandeada no decurso da contra Reforma Agrária foi sigilosamente, envergonhadamente, fazer companhia ao “Socialismo em Liberdade”, ao “Socialismo Democrático”, ao “Socialismo Português”, com que prodigamente bombardearam as Portuguesas e Portugueses até à consumação do seu hediondo crime.

Após 15 anos de Heroica resistência a “Revolução Agrária”, nunca baixando os braços, nunca desistindo, tudo fazendo para evitar o caos que poderia resultar de um súbito baixar os braços ou de um salve-se quem puder, sucumbiu face à barbárie dos seus assassinos. Morreu de pé, como só os Heróis autênticos sabem morrer, legando ao Povo Português uma “PROPOSTA PARA O DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA DO SUL DO RIBATEJO E DO ALENTEJO”, testemunho da forma positiva, construtiva e Patriótica como sempre se posicionaram.

Uma Proposta que, se ouvida e considerada, como era dever de quem governava, teria evitado o crime económico, social, cultural e ambiental que afectou e afecta, dramaticamente, toda a zona do latifúndio. Teria evitado o “Alentejicídio” em curso, que condena o todo UM POVO-UMA CULTURA- UMA REGIÃO à morte lenta, apesar de todas as suas enormes potencialidades.

Falou mais alto a cegueira anti-comunista, o mesquinho interesse partidário e o revanchismo político, contra quem, pacificamente, tomou em suas mãos a Terra e ousou fazer diferente, comprovadamente melhor, apesar da brutal hostilidade que lhes foi movida a partir do 25 de Novembro de 1975: OS HOMENS E MULHERES DA REVOLUÇÃO AGRÁRIA, HERÓIS QUE SE IMPÕE REABILITAR E HOMENAGEAR.

PROPOSTA PARA O DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA DO SUL DO RIBATEJO E DO ALENTEJO” que constituía uma verdadeira e séria alternativa à política criminosa, anti-constitucional, anti-Patriótica, que PS-PSD-CDS vinham desenvolvendo para reconstituir os privilégios de latifundiários e capitalistas agrários, causa do atraso e subdesenvolvimento da Agricultura Portuguesa e, sobremaneira, causa do atraso e subdesenvolvimento de todo o Alentejo.

Luta e Solidariedade. Homenagem a quem, com eles e por eles, lutou

Luta e Solidariedade em defesa e apoio à “REFORMA AGRÁRIA – A Revolução no Alentejo” e Sul do Ribatejo foi uma constante que mobilizou, de Norte a Sul todas as forças progressistas da sociedade portuguesa entre 1975 e o início dos anos 90, anos em que, com a Lei do Latifúndio” de Cavaco Silva/PSD, se consumou o seu bárbaro assassínio.

Não será exagero afirmar-se que a “Revolução Agrária” foi uma das conquistas de Abril que mais acções de solidariedade gerou, em sua defesa, na sociedade portuguesa. Portuguesas e Portugueses, de todos os sectores de actividade e de Norte a Sul do País, participaram, das mais diversas formas, em acções de solidariedade para com a “Revolução Agrária”.

Ofertas materiais, sobretudo em máquinas e alfaias, jornadas de trabalho, participação em manifestações e comícios, sessões de esclarecimento, espetáculos de solidariedade, mobilizaram durante todos estes anos a atenção de centenas de milhares de cidadãos, não sendo poucas as crises políticas geradas pela resistência à “CONTRA REFORMA AGRÁRIA – Terror, Destruição e Morte no Alentejo” e Sul do Ribatejo.

Momento alto da luta e solidariedade para com a “Revolução Agrária” foi sem dúvida o autêntico “levantamento nacional” que se verificou quando foi conhecido o projecto de “Lei Barreto”, que deu início e força à “CONTRA REFORMA AGRÁRIA – Terror, destruição e Morte no Alentejo” e Sul do Ribatejo.

Foram muitas, mesmo muitas, as centenas de milhares de Portuguesas e Portugueses que se mobilizaram de Norte a Sul em defesa da “Revolução Agrária” e contra a famigerada “Lei Barreto”/Mário Soares.

António Barreto ficará para sempre na História como o principal coveiro da “REFORMA AGRÁRIA – A Revolução no Alentejo” e Sul do Ribatejo e, por mais branqueamentos que lhe façam, como autor de algumas das páginas mais negras, de todas as negras páginas, da “CONTRA REFORMA AGRÁRIA – Terror, Destruição e Morte no Alentejo” e Sul do Ribatejo.

FORAM 15 ANOS DE LUTA E RESISTÊNCIA DOS HEROICOS E SOFRIDOS TRABALHADORES, HOMENS E MULHERES, DA “REVOLUÇÃO AGRÁRIA”. FORAM 15 ANOS DE FORTÍSSIMA SOLIDARIEDADE DOS SECTORES MAIS PROGRESSISTAS DA SOCIEDADE PORTUGUESA.

Mas a Solidariedade para com a “A REFORMA AGRÁRIA – A Revolução no Alentejo” e Sul do Ribatejo extravasou fronteiras, gerando relações e acções extraordinárias de apoio e solidariedade quer nos Países de orientação socialista, com destaque para a União Soviética e Republica Democrática Alemã (RDA), quer em Países Capitalistas como a França, a Espanha, a Bélgica, a Alemanha, a Inglaterra, a Holanda, a Suíça ou o Luxemburgo… o documento que reproduzo com estas “Notas e Reflexões” são disso testemunho.

Mas separemos as águas e clarifiquemos que, enquanto a solidariedade nos Países de orientação socialista foi assumida não apenas pelos seus respectivos povos mas também ao nível dos seus Estados, nos Países capitalistas a solidariedade foi sempre oriunda dos respectivos Povos não tendo havido qualquer solidariedade ao nível dos respectivos estados, bem pelo contrário, da parte destes só há registos negativos como o não fornecimento de material sobressalente para a manutenção de máquinas agrícolas ou ingerências descaradas em defesa dos interesses de alguns grandes agrários oriundos dos mesmos.

A Solidariedade, mais do que os resultados materiais, que foram muitos e muito significativos, só a oferta em máquinas da União Soviética representou na altura mais de meio milhão de euros, tinha, sobretudo um valor que não é passível de quantificar em euros, que era o ânimo e a confiança que incutia em quem tinha que enfrentar no quotidiano um Estado que agia como um “fora-da-lei”, recorrendo a todos os meios repressivos ao seu dispor, para garantir na sua destruição. Só a extrema determinação e garantir o sucesso da produção , e o saber que a sua justeza da sua luta encontrava eco não só em todo o País mas também fora dele constituía um estímulo extraordinário para o prosseguimento firme e determinado não só no enfrentamento permanente do exército de ocupação como no prosseguimento da batalha da produção em que sempre venceram.

Sim! A Solidariedade FOI, É, SERÁ SEMPRE, um muito importante estímulo para quem luta pela LIBERDADE-DEMOCRACIA-SOCIALISMO.

A “REVOLUÇÃO AGRÁRIA” BENEFICIOU DE UMA ENORME SOLIDARIEDADE. PODE-SE AFIRMAR, COM FUNDAMENTADO ORGULHO, QUE OS SEUS OBREIROS SOUBERAM HONRAR A MESMA COM A SUA FIRME E DETERMINADA LUTA, SEM DÚVIDA A MELHOR HOMENAGEM QUE PODERIAM PRESTAR A QUEM, COM ELES E POR ELES, LUTOU.

UMA LUTA SECULAR QUE CONTINUA…

A MENTIRA E A CALÚNIA NO LIVRO NEGRO DO MAP

Mentir, caluniar e ameaçar os Trabalhadores, os Sindicatos e as UCP.s era, para Barreto, Portas e quejandos, como respirar… o pão nosso de cada dia…

Habituado a falar sozinho ou entrevistado, por quem se baba e delicia com o seu anti-comunismo, Barreto até parece ter sempre a razão do seu lado… Sim, porque se fosse confrontado com as suas comprovadas mentiras, calúnias e ameaças, perante as Câmaras de Televisão, talvez Barreto perdesse aquela pose de intelectual que tudo sabe e nunca se engana, como certos comentadores encartados que pululam nas televisões, rádios e jornais ditos de referência, e assumisse a sua verdadeira natureza de mentiroso e caluniador compulsivo… repito e sublinho-o MENTIROSO E CALUNIADOR!

E para que não subsistam dúvidas sobre o que acabo de afirmar convido a que leiam o que sobre a matéria foi afirmado no Livro Negro do MAP, publicado em Julho de 1977 e a que Barreto, como diz o Povo, não turgiu nem mugiu, e, claro, os seus cúmplices entrevistadores/entrevistadoras, fazem de conta que não existe… pois sua Excelência não pode ser confrontado com a verdade dos factos… estes podem-lhe ser fatais… ou no mínimo, causar azia.

Mas passemos ao Livro Negro do MAP…

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A verdade e a falsificação da História – orientações perigosas

O documento “PONTOS ESSENCIAIS PARA O AVANÇO DAS UNIDADES”, (leia-se UCP.s) que em seguida se publica é um documento produzido pela Direcção do Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas do Distrito de Beja, a 28.6.1976, destinado a servir de orientação aos Delegados Sindicais na sua relação com as UCPs e com os trabalhadores das mesmas.

Precursor de “ALGUMAS NOTAS DE ORIENTAÇÃO PARA O TRABALHO DAS UCP(s) COOPERATIVAS AGRÍCOLAS”, editado pelos Secretariados das UCP.s em Fevereiro de 1977, que se publica no ponto seguinte, este documento inédito para muitos, é elucidativo, quanto às orientações que eram defendidas pelo Sindicato: Realizar Plenários/Assembleias regulares e discutir os problemas com todos os trabalhadores, eleger por voto secreto e com o voto de todos os trabalhadores os dirigentes da UCP… PERIGOSAS ORIENTAÇÕES segundo os inimigos da “REFORMA AGRÁRIAA Revolução no Alentejo” e defensores da “CONTRA REFORMA AGRÁRIATerror, Destruição e Morte no Alentejo” e Sul do Ribatejo.

Pela sua leitura não será difícil perceber a malvadez e falsidade dos que, incapazes de esconder o seu ódio à Reforma Agrária, e conscientes do sério obstáculo que tinham nos Sindicatos às suas pretensões contra revolucionárias, procuravam, por todos os meios, virar os trabalhadores contra os Sindicatos acusando-os de pretenderem ser os novos patrões e controlar a vida das UCP.s. Mentirosos sem vergonha. Nunca será demais denunciar-vos e às vossas torpes manobras.

Como se trata de documentos e eles falam por si, sublinharia apenas,, porque particularmente relevante, o ponto referente a posição clara da abertura do Sindicato em relação às diferentes e livres opções que eram colocadas aos trabalhadores quanto ao quererem ou não ficar a trabalhar na UCP.

Claro que o comandante do “Exército de Ocupação e Opressão”, General Passos Esmeriz, especialista comprovado na guerra colonial e spinolista convicto, não deixaria de encontrar em todas estas orientações manobras de diversão do perigoso e maquiavélico adversário , a força dominante na região, que segundo os seus sucessivos mandantes – Mário Soares, Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Mota Pinto… – preparavam secretamente o assalto ao poder da República com vista à implantação da sua feroz ditadura de que era exemplo o que se estava já a passar no Alentejo.

Claro que Barreto e Portas queriam dar uma Herdade de 200 hectares a cada trabalhador… aliás já tinham preparada a expropriação da vizinha Andaluzia para garantir a sua reforma agrária da abundância… O que o Sindicato propunha era a divisão da miséria e não da riqueza que estava logo ali ao virar da esquina com as “Cooperativas Livres do Baixo Alentejo – COLBA” que os trabalhadores só por ameaça dos comunistas é que não abraçavam de alma e coração… ou então nas UECT forma superior e muito intelectual de apelidar as herdades do Estado… nada de confusões com a estatização comunista que ocupava já todo o Alentejo e que era preciso destruir com urgência, pois, era a liberdade e a democracia que estava em jogo no País…

CRIMINOSOS SEM ESCRÚPULOS. A HISTÓRIA OS JULGARÁ.