
CONGRESSO ALENTEJO XXI – “CAMINHOS DO FUTURO” – 2008 – BEJA
De acordo com o aprovado no 13º Congresso o 14º Congresso deveria ter lugar em 2006, no distrito de Beja.
Era expectável que, após tanta crítica sobre os Congressos anteriores, e tendo presente o aprovado por todos em Montemor, surgisse a candidatura de um município presidido pelo PS, no distrito de Beja, a reivindicar a realização do 14º Congresso sobre o Alentejo, o 2º “ALENTEJO XXI – Semeando novos rumos!” cujo lema e agenda caberia ao novo Secretariado discutir e aprovar.
A verdade é que, decorridos 2 anos desde a realização do 13º Congresso tal candidatura não surgiu. As Câmaras presididas pelo PS nada fizeram nesse sentido. Não fosse a Câmara de Beja, Presidida por Francisco Santos, eleito pela CDU, ter tomado a iniciativa e o 14º Congresso sobre o Alentejo não se teria realizado.
Os responsáveis do PS e do PSD nada fizeram para levar o Congresso para um concelho onde tinham a Presidência da Câmara mas, em contrapartida, logo que se tornou pública a disponibilidade da Câmara Municipal de Beja para receber o Congresso, não faltaram no imediato as demarcações e auto-exclusões quer da Federação de Beja do PS quer do PSD.
Como foi então noticiado em vários órgãos da comunicação social, com base em notícia da agência LUSA “A regionalização e a estratégia e os instrumentos para o desenvolvimento do Alentejo vão ser debatidos no 14º congresso sobre a região, que arranca hoje, em Beja, sem a participação institucional do PS e PSD.”
Fugindo ao debate democrático, porque conscientes da fragilidade dos seus argumentos, os responsáveis do PS e do PSD do distrito de Beja, optaram por retomar a sua estafada argumentação da manipulação dos Congressos pelos Comunistas, apostando, à partida, na desvalorização dos mesmos.
O Presidente da Federação de Beja do PS chegaria mesmo ao cúmulo de afirmar e escrever que “ o direcionamento partidário, desta vez, manifesta-se na forma enviesada e sectária como já estão cozinhadas as conclusões” o que, para além de constituir um claro apelo à não participação dos socialistas no Congresso, foi antes de mais um insulto gratuito e um atestado de menoridade às instituições que constituíam o Secretariado do 14º Congresso e que vinham promovendo em toda a região e mesmo fora dela, um conjunto de iniciativas preparatórias do mesmo, como o testemunha o conjunto de noticias plasmadas nos jornais Diário do Alentejo anexos.
Bastaria ver a composição do Secretariado, onde tinham assento a Câmara de Beja, que assumiu a organização do evento, por falta de comparência das restantes Câmaras do Distrito,as câmaras de Évora, Portalegre e Sines, a Casa do Alentejo, a União dos Sindicatos de Beja/CGTP, a União Geral dos Trabalhadores Beja/UGT, o Nerbe- Núcleo Empresarial de Beja, o Nere – Núcleo Empresarial de Évora e a Universidade de Évora, para ver a irracionalidade da posição assumida pelos responsáveis do PS e do PSD e constatar que a composição plural do Secretariado mais não era que o escrupuloso cumprimento dos princípios aprovados em Montemor.Feito este esclarecimento nada mais seria necessário acrescentar.
Mas vale a pena lembrar que o PS e o PSD tinham ainda a possibilidade, através dos seus representantes no Secretariado, por inerência dos cargos que ocupavam, de propor, se entendessem haver qualquer desequilíbrio na sua representação, outras personalidades da sua confiança, de acordo com os princípios acordados e aprovados no 13º Congresso, em Montemor.
Não o fizeram. A estratégia definida pelos seus “estados-maiores” assentava no fugir ao debate plural e democrático, no retomar o anti-comunismo primário e o culto da partidarite sectária e irracional com o único objectivo de isolar e enfraquecer politica, social e eleitoralmente o PCP.
Bem podem bater no peito e fazer juras de amor à Liberdade e à Democracia. Bem podem arvorar-se em paladinos do respeito pelo pluralismo e pela opinião diferente e divergente. Bem podem proclamar que à frente dos seus interesses partidários está o interesse do Povo e da Pátria. A sua prática política, critério fundamental para o apuramento da verdade, mostra-nos como são falsas as juras e promessas e frágeis os compromissos assumidos. É assim desde Abril de 1974.
Não teria sido mais sério e honesto politicamente explicar aos militantes do PS e do PSD e à opinião pública, sobretudo aos Alentejanos, as razões porque não apresentaram qualquer proposta para serem eles a dinamizar a realização do Congresso?
A verdade é que os “estados maiores” do PS e do PSD sempre foram contra os Congressos sobre o Alentejo e só não ousaram assumir, publicamente, uma posição frontal contra a ida de militantes das respectivas organizações ao Congresso, por mero taticismo político, pois sabiam , como o demonstraram todas as edições anteriores, que essa orientação não seria aceite. Mas é evidente que ao tornarem publica a sua posição de que não iriam fazer-se representar institucionalmente, PS e PSD estavam intencionalmente a fugir aos compromissos assumidos em Montemor e a tentar desvalorizar a realização do 14º Congresso.
Objectivos falhados mais uma vez.
O 14º Congresso, 2º ALENTEJO XXI acabaria por ter lugar nos dias 14 e 15 de Junho de 2008 sob o lema “Caminhos do Futuro”.
Cerca de 600 foram os congressistas presentes. Gente de todos os quadrantes políticos com opiniões diferentes sobre algumas das questões em debate mas convergentes na procura dos caminhos do futuro que se impunha percorrer em prol de um Alentejo mais desenvolvido e de bem estar para todos.
A ampla participação e o conteúdo consensualizado e aprovado por unanimidade, de todos os presentes, da “Declaração de Beja” deve ter deixado inquietos os “estados maiores “ do PS e do PSD. O 14º Congresso sobre o Alentejo, ao contrário dos seus desejos, acabaria por afirmar-se como mais um Congresso unificador da força e vontade dos Alentejanos. Inquietos, sim!, por mais uma vitória da razão sobre o sectarismo, o anti-comunismo e a partidarite boçal que tanto tem contribuído para o descrédito da política e dos políticos e o consequente desinteresse e crescente abstencionismo eleitoral.
Tão inquietos que o 15º Congresso, o 3º sob a consigna “Alentejo XXI – Semeando novos rumos!”, apontado para ter lugar no Litoral Alentejano, no ano de 2010, não chegará a ver a luz do dia.
PS e PSD sabiam e sabem que, em condições de isenção, sem manipulações e sem o apoio de comentadores, analistas, politólogos e afins, que pululam nos meios de comunicação social, ao serviço do liberalismo e do neoliberalismo, as propostas apresentadas e bem fundamentadas pelos Comunistas e outros Democratas da CDU merecem facilmente apoio e constituem a base de amplos consensos quando discutidas com seriedade e sem preconceitos.
Consensos capazes de criar fortes embaraços a quem faz da política a arte de bem mentir.
O democrático, plural, independente e representativo “Movimento AMAlentejo”, apresentado na Casa do Alentejo no dia 7 de Maio de 2015, e o seu 1º Congresso, realizado em Tróia, concelho de Grândola, Litoral Alentejano, a 2 de Abril de 2016, 8 anos depois do 14º Congresso “ALENTEJO XXI-Semeando novos rumos!”, viria a confrontar de novo os “estados maiores” partidários e as instituições representativas do Estado – Presidência da República, Assembleia da República e Governo – com as velhas mas sempre actuais questões do incumprimento da Constituição da República em relação à criação e instituição das Regiões Administrativas do Continente e ao desenvolvimento económico e social do Alentejo.
Os 5 anos e meio decorridos entre o dia 7 de Maio de 2015 e a presente publicação constituem um verdadeiro hino à falsidade, à mentira e à fraude política que caracteriza infelizmente os detentores do poder e a forma servil, veneranda e obrigada como se comporta a generalidade dos grandes meios de comunicação social face ao sistema liberal e neoliberal dominante por estes representado.
