MARINALEDA – UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL… COM OS TRABALHADORES!

Ver vídeo sobre Marinaleda https://www.youtube.com/watch?v=ir88gKa_zmU

Como Marileda podiam ser hoje todas as freguesias onde se constituíram as Unidades Colectivas de Produção Agrícola, as UCP.s, essa extraordinária criação que diferenciou a Reforma Agrária Portuguesa de todas as que no mundo a antecederam. A “Revolução Agrária”, cujos princípios socialistas estão plasmados na acta de constituição da primeira delas, a Vanguarda do Alentejo, constituída a 17 de Outubro de 1975…

Marinaleda nasceria alguns anos depois… no final dos anos 70… um Oásis, no deserto capitalista… ao seu nascimento não terá sido alheia a Revolução Alentejana…

Foram centenas de Mariledas que sucessivos governos do PS, PSD e CDS assassinaram em Portugal entre 1976 e 1991… traindo Abril, castrando a Democracia Avançada plasmada na Constituição da República a 2 de Abril de 1976, abrindo portas ao “Alentejicídio” que prossegue no Alentejo… condenando à morte lenta de UM POVO-UMA CULTURA-UMA REGIÃO…

Uma morte lenta a que não é alheia a ausência da Regionalização democraticamente eleita pelo Povo…

É TENDO PRESENTE ESSE PASSADO QUE FOI FUTURO, tendo presente exemplos como o de Marileda, que se pode afirmar “O ALENTEJO, PORTUGALPRECISAM DE UMA REFORMA AGRÁRIA”, uma necessidade para o nosso tempo… porque a terra e a água são bens estratégicos, fundamentais à sobrevivência do ser Humano cuja gestão requer cautelas especiais. A terra é única e a água é escassa e preciosa. Devem ser factores de desenvolvimento económico, social, cultural e ambiental, ao serviço das Comunidades Rurais que sobre ela devem ter poder de decisão e não ser um mero factor de produção economicista, que degrada a qualidade de vida de quem nela reside, sacrificando e expulsando as pessoas do seu habitat natural, e cuja exploração desenfreada conduzirá inevitavelmente ao desastre ecológico, à desertificação física e humana da região.

Portugal precisa de um Alentejo de progresso e bem estar, rejuvenescido e liberto da gula predadora das grandes multinacionais do agro-negócio, um Alentejo ao serviço do Povo Português, da sua soberania agro-alimentar e da sua Independência Nacional ameaçadas…

SIM!

O ALENTEJO, PORTUGAL

PRECISAM DE UMA REFORMA AGRÁRIA!

DAR MAIS FORÇA AO PCP

VOTAR CDU, É O CAMINHO!

4º CONGRESSO sobre o ALENTEJO – 1991 – SINES

Apesar do tema central proposto para o 4º Congresso ser o aprofundamento das questões relativas ao desenvolvimento e consequente recuperação do atraso resultante da ausência de políticas governamentais que tivessem em conta as muitas propostas avançadas nos 3 Congressos anteriores, atraso agravado com a consumação do assassínio da “REFORMA AGRÁRIA – A Revolução no Alentejo”, foi a questão da regionalização e da divisão administrativa do Alentejo que acabou por marcar, no essencial, o 4º Congresso sobre o Alentejo, que teve lugar em Sines, nos dias 30 e 31 de Maio e 1 de Junho de 1991.

Como se pode ver, através das reportagens presentes no Diário do Alentejo, o 4º Congresso ficou negativamente marcado pela posição de responsáveis do PS presentes no mesmo, os quais decidiram tentar forçar a discussão sobre a questão da divisão administrativa que deveria ser adotada em relação ao Alentejo.

Discussão para a qual, vinham deliberadamente divididos, com os socialistas de Beja a defender a divisão do Alentejo e os do Alentejo Central uma única região. O Alentejo Litoral que decidisse depois para que lado queria cair ou se queria ficar associado à Grande Área Metropolitana de Lisboa, que iria integrar os restantes municípios de Setúbal. Foi uma clara e flagrante mudança de atitude em relação aos 3 Congressos anteriores em que sempre esteve presente a unidade em torno da reclamação da regionalização, independentemente da solução que viesse a ser aprovada.

Mudança de atitude que viria a comprovar-se no futuro, em diferentes momentos e circunstâncias, tratar-se de uma clara estratégia do PS, que o PSD acompanhava, para provocar a divisão entre os alentejanos e dificultar a sua acção em defesa regionalização, o que correspondia inteiramente aos objectivos estratégicos acordados entre o PS e PSD, ambos apostados em preservar a todo o custo e à revelia do consagrado na Constituição, o seu poder centralista e anti-regionalista, através das Comissões de Coordenação Regionais, meras dependências do Poder Central, que nomeavam e instrumentalizavam de acordo com os seus restritos interesses partidários, como a vida veio demonstrando até ao presente.

A mudança para esta atitude não foi obra do acaso, em política não há acasos. Eles sabiam muito bem que estava em discussão na Assembleia da República a Lei Quadro sobre a Regionalização, lei que viria a ser aprovada 2 meses depois (Lei 56/91, de 13 de Agosto), e também sabiam que avançando a regionalização, de acordo com a Constituição e a Lei em discussão, corriam o risco do PCP poder vir a ser maioritário no Alentejo. Eles sabiam bem que a Assembleia da República teria que ir ouvir o Poder Local Democrático sobre as diferentes soluções possíveis e receavam que os eleitos locais, porque alentejanos, pudessem comprometer a sua estratégia centralista. Impunha-se por isso tentar cavar a divisão a qualquer preço. Dividir para continuar a reinar impunemente.

A tentativa de manipular o Congresso foi evidente e só a serenidade dos outros congressistas presentes, com destaque para os Comunistas, permitiu que a imagem dos Congressos sobre o Alentejo não saísse beliscada perante a opinião pública. Vale a pena ler as notícias sobre este debate e refletir sobre a argumentação utilizada por quem tudo fez para ofuscar as importantes conclusões aprovadas pelo Congresso, de que sublinho a reivindicação do Planeamento Integrado, Democrático e Participado que conduzisse à aprovação de um Plano Estratégico Integrado para o Alentejo.

Plano Estratégico a que, tal como à regionalização, sempre se opuseram os sucessivos governos a quem servia a estratégia da navegação à vista, pois, era esta que lhes permitia investir os recursos do Estado de acordo com os seus mesquinhos interesses partidários e clientelares e não em obediência a um Plano concreto aprovado por todos e que a todos vincularia.

Nas conclusões, sobre a regionalização, ficariam em aberto todas as possibilidades que os Alentejanos e os seus legítimos representantes nos órgãos do Poder Local viessem a decidir e a necessidade de dar sequência à proposta saída do 3º Congresso de criar o Movimento de Opinião pelo Desenvolvimento do Alentejo. Para isso ainda foram distribuídas fichas para a recolha de adesões que, como noticia o Diário do Alentejo, já teria atingido o número de 97 ainda antes de terminados os trabalhos, mas não seria ainda desta vez que o reclamado Movimento vingaria.

Sem assumir uma posição definitiva sobre a regionalização o que o 4º Congresso deixou claro foi a necessidade de prosseguir o debate e a necessidade de ter presente a natureza multipolar do Alentejo, contrariando, em todas as circunstâncias, qualquer tipo de Terreiro do Paço Alentejano.

Terreiro do Paço Alentejano que, PS e PSD já então vinham implementando, quando no governo, esvaziando os distritos de Beja e Portalegre e concentrando em Évora, na CCDRA, um poder regional absoluto, comandado a partir do Terreiro do Paço, de costas viradas para o Alentejo, sem ouvir a sua voz, tomando decisões arbitrárias e à revelia do Poder Local Democrático da Região, sem que tal merecesse uma firme e consequente condenação por parte dos seus responsáveis partidários e respectivas organizações no Alentejo.

Porque acredito na grandeza da “alma alentejana”, que mais não é que a cultura que a todos identifica e unifica, sejamos nós do Baixo ou do Alto Alentejo, do Alentejo Litoral ou do Alentejo Central, e na capacidade dos Alentejanos para superar naturais e salutares opiniões diferentes e unir esforços, vontades e saberes, em defesa dos seus velhos e legítimos anseios de um Alentejo de progresso e bem estar para todos, estou convicto que, insistindo no apelo à memória, mais tarde ou mais cedo, aqueles que hoje se demitem da política ou votam contra os seus próprios interesses, acabarão por perceber que esse não é o caminho certo para pôr termo à política de direita, responsável pela gravíssima crise que a todos afecta. E, então, o voto esclarecido e revolucionário voltará a ser maioritário, e tudo repartirá no caminho de Abril… porque assim o exige o passado recente que foi futuro…

O ALENTEJO ESTEVE SEMPRE DO LADO CERTO DA HISTÓRIA

10 de julho às 15:28 ·
“Utopia” o retrato de um Homem Bom…
Conheci o Homem Bom e Amigo das crianças que era Gonçalves Correia quando tinha os meus 5-6
anos… vi-o, com o passar dos anos, com os seus longos cabelos e barbas brancas mas sempre com a
mesma postura de Homem Bom… considerado e respeitado como tal por quem melhor o
conhecia…
Pelo seu amigo e destacado militante do PCP João Honrado, com quem tanto aprendi, viria a
compreender melhor o Homem Bom e Amigo de Todos os Seres que era Gonçalves Correia e as
razões pelas quais algumas pessoas nos tentavam amedrontar com a sua figura e desse modo tentar
afastar, daquele Homem de cabelos compridos e longas barbas que tinha sempre um sorriso, uma
palavra carinhosa, quando não uma guloseima para nos presentear… Sim, Gonçalves Correia
Sonhava… e os seus sonhos assustavam… não as crianças, mas todos os que viviam da exploração e
opressão… característica imutável da sociedade capitalista que Gonçalves Correia abominava… e
de forma muito especial sob a sua forma de ditadura fascista que de forma desassombrada
denunciava e combatia…
As crianças, livres de todos os vícios e de todas as maldades, representavam o fermento do mundo
melhor e feliz com o qual Gonçalves Correia sonhava… o Homem Novo necessário às
transformações positivas e avanços da Sociedade Humana rumo à utopia de “ A Felicidade de todos
os seres na Sociedade Futura”…
Gonçalves Correia não sonhava apenas. Ele fez do seu sonho, utopia. Desta um ideal pelo qual
sempre lutou e que procurou materializar com a criação da Comuna das Fornalhas, na freguesia de
Vale de Santiago, concelho de Odemira, no início do Século XX, testemunho da sua acção Pacífica
mas profundamente Revolucionária…
Assim o fariam os “Levantados do chão”, com a criação das suas unidades colectivas de produção
nos idos anos de 1974-1977, com a sua “REFORMA AGRÁRIA – A Revolução no Alentejo” e Sul
do Ribatejo, inspirados, então, na utopia consagrada por Marx, como Ideal Comunista, e no projecto
revolucionário do PCP para a sociedade portuguesa…
“Utopia”, criação de Ana Nicolau Gonçalves Correia, bisneta de Gonçalves Correia, que esta teve a
amabilidade de me dar a conhecer, expressa bem alguns dos seus pensamentos que, encarados à luz
dos nossos dias, nos mostra que não se matam as utopias, não se destroem os ideais de uma
sociedade mais justa e solidária, livre de todas as formas de exploração e opressão de um ser por
outro ser e que tudo aquilo que precisamos é de não parar de lutar, com confiança, como o fizeram
no passado Homens como Gonçalves Correia, Álvaro Cunhal, Vasco Gonçalves e milhares de
tantos outros/outras cujo exemplo nos deve levar a nunca baixar os braços, nunca desistir de lutar…
Porque SIM! É possível “A Felicidade de todos os seres na Sociedade Futura”
https://youtu.be/Pq_hfurYWsk (Utopia Gonçalves Correia x Ana Nicolau)

Edição da Organização dos Técnicos Agrícolas da DORL do PCP – Setembro de 1976 que em boa hora associou o texto militante de Soeiro Pereira Gomes e vários desenhos da prisão de Álvaro Cunhal

OS QUE IGNORAM AS LUTAS DO PASSADO DIFICILMENTE PODERÃO COMPREENDER AS LUTAS DO PRESENTE… MUITO MENOS A SUA IMPORTÂNCIA E O SEU SENTIDO NA LONGA E COMPLEXA MARCHA DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE QUE SOMOS.

COM A LIBERDADE DE ABRIL… UM MUNDO NOVO NOS CAMPOS MÁRTIRES DO ALENTEJO.

UMA LUTA SECULAR QUE CONTINUA…