SOLIDARIEDADE, outra face da luta em defesa da “REFORMA AGRÁRIA – A Revolução no Alentejo”.

O FARA

SOLIDARIEDADE, outra face da importante luta em defesa da “REFORMA AGRÁRIA-A Revolução no Alentejo”. O FARA

O FARA – Fundo de Apoio à Reforma Agrária é um testemunho e um exemplo do extraordinário movimento de solidariedade que mobilizou os trabalhadores portugueses, de todos os sectores de actividade, de Norte a Sul, em defesa de uma das mais belas conquistas de Abril, a “REFORMA AGRÁRIA – A Revolução no Alentejo” e Sul do Ribatejo, a conquista maior dos trabalhadores portugueses”, como afirmaria o representante da Federação Nacional dos Sindicatos Metalúrgicos no final da sua intervenção, no Plenário Nacional da CGTP-IN, realizado em Beja, nos dias 9,10 e11 de Abril de 1976.

REFORMA AGRÁRIA que os trabalhadores portugueses, e não só, assumiram e abraçaram em toda a sua dimensão e profundo significado, assumindo-a como sua, porque também sua foi, de pleno direito e de cuja obra são indissociáveis, pois, mais do que o apoio material, que foi muito, muito diversificado e muito, mesmo muito, importante, a solidariedade constituiu um estímulo extraordinário para reforçar a força anímica de quem resistiu, heroicamente, mais de 15 anos à CONTRA REFORMA AGRÁRIA – Terror, Destruição e Morte no Alentejo” e Sul do Ribatejo… e que só a força das baionetas conseguiu derrotar.

O FARA nasceu por iniciativa da CRARA – Comissão Revolucionária de Apoio à Reforma Agrária, como o atesta o apelo à solidariedade difundido em Outubro de 1975, que hoje dou a conhecer, mas é o grande Plenário Nacional da CGTP-IN, realizado em Beja nos dias 9, 10 e 11 de Abril de 1976, cuja acta junto também à presente publicação, que irá constituir o passo determinante para a sua concretização assim como para o desenvolvimento de muitas outras diversificadas e importantes acções de solidariedade, de acordo com as importantes conclusões então aprovadas.

Enquanto participante em todo o processo preparatório deste importantíssimo Plenário não posso deixar de recordar e sublinhar o empenho e entusiasmo tão particular e especial desse extraordinário dirigente e Co-Fundador da CGTP-IN, Antero Martins, militante comunista, dirigente do sector bancário, para que tal Plenário tivesse lugar em Beja.

O Balanço da Actividade da CRARA, efectuado pouco mais de um ano depois da sua formação em Setembro de 1975, e o folheto do Departamento Agrícola da Intersindical de Maio de 1976, documentos integrados na presente publicação, dão-nos uma pequena imagem da diversidade de iniciativas promovidas na sequência do Plenário Nacional da CGTP-IN às quais não eram alheias as CARA constituídas por todo o País de acordo com as conclusões aprovadas.

Não sei se tal é viável mas seria importante que se procedesse a recolha de toda a memória e documentação que pudesse testemunhar tudo o que foi a extraordinária solidariedade de que foi alvo a “REFORMA AGRÁRIA – A Revolução no Alentejo” e Sul do Ribatejo.

Antero Martins

Luta e Solidariedade. Homenagem a quem, com eles e por eles, lutou

Luta e Solidariedade em defesa e apoio à “REFORMA AGRÁRIA – A Revolução no Alentejo” e Sul do Ribatejo foi uma constante que mobilizou, de Norte a Sul todas as forças progressistas da sociedade portuguesa entre 1975 e o início dos anos 90, anos em que, com a Lei do Latifúndio” de Cavaco Silva/PSD, se consumou o seu bárbaro assassínio.

Não será exagero afirmar-se que a “Revolução Agrária” foi uma das conquistas de Abril que mais acções de solidariedade gerou, em sua defesa, na sociedade portuguesa. Portuguesas e Portugueses, de todos os sectores de actividade e de Norte a Sul do País, participaram, das mais diversas formas, em acções de solidariedade para com a “Revolução Agrária”.

Ofertas materiais, sobretudo em máquinas e alfaias, jornadas de trabalho, participação em manifestações e comícios, sessões de esclarecimento, espetáculos de solidariedade, mobilizaram durante todos estes anos a atenção de centenas de milhares de cidadãos, não sendo poucas as crises políticas geradas pela resistência à “CONTRA REFORMA AGRÁRIA – Terror, Destruição e Morte no Alentejo” e Sul do Ribatejo.

Momento alto da luta e solidariedade para com a “Revolução Agrária” foi sem dúvida o autêntico “levantamento nacional” que se verificou quando foi conhecido o projecto de “Lei Barreto”, que deu início e força à “CONTRA REFORMA AGRÁRIA – Terror, destruição e Morte no Alentejo” e Sul do Ribatejo.

Foram muitas, mesmo muitas, as centenas de milhares de Portuguesas e Portugueses que se mobilizaram de Norte a Sul em defesa da “Revolução Agrária” e contra a famigerada “Lei Barreto”/Mário Soares.

António Barreto ficará para sempre na História como o principal coveiro da “REFORMA AGRÁRIA – A Revolução no Alentejo” e Sul do Ribatejo e, por mais branqueamentos que lhe façam, como autor de algumas das páginas mais negras, de todas as negras páginas, da “CONTRA REFORMA AGRÁRIA – Terror, Destruição e Morte no Alentejo” e Sul do Ribatejo.

FORAM 15 ANOS DE LUTA E RESISTÊNCIA DOS HEROICOS E SOFRIDOS TRABALHADORES, HOMENS E MULHERES, DA “REVOLUÇÃO AGRÁRIA”. FORAM 15 ANOS DE FORTÍSSIMA SOLIDARIEDADE DOS SECTORES MAIS PROGRESSISTAS DA SOCIEDADE PORTUGUESA.

Mas a Solidariedade para com a “A REFORMA AGRÁRIA – A Revolução no Alentejo” e Sul do Ribatejo extravasou fronteiras, gerando relações e acções extraordinárias de apoio e solidariedade quer nos Países de orientação socialista, com destaque para a União Soviética e Republica Democrática Alemã (RDA), quer em Países Capitalistas como a França, a Espanha, a Bélgica, a Alemanha, a Inglaterra, a Holanda, a Suíça ou o Luxemburgo… o documento que reproduzo com estas “Notas e Reflexões” são disso testemunho.

Mas separemos as águas e clarifiquemos que, enquanto a solidariedade nos Países de orientação socialista foi assumida não apenas pelos seus respectivos povos mas também ao nível dos seus Estados, nos Países capitalistas a solidariedade foi sempre oriunda dos respectivos Povos não tendo havido qualquer solidariedade ao nível dos respectivos estados, bem pelo contrário, da parte destes só há registos negativos como o não fornecimento de material sobressalente para a manutenção de máquinas agrícolas ou ingerências descaradas em defesa dos interesses de alguns grandes agrários oriundos dos mesmos.

A Solidariedade, mais do que os resultados materiais, que foram muitos e muito significativos, só a oferta em máquinas da União Soviética representou na altura mais de meio milhão de euros, tinha, sobretudo um valor que não é passível de quantificar em euros, que era o ânimo e a confiança que incutia em quem tinha que enfrentar no quotidiano um Estado que agia como um “fora-da-lei”, recorrendo a todos os meios repressivos ao seu dispor, para garantir na sua destruição. Só a extrema determinação e garantir o sucesso da produção , e o saber que a sua justeza da sua luta encontrava eco não só em todo o País mas também fora dele constituía um estímulo extraordinário para o prosseguimento firme e determinado não só no enfrentamento permanente do exército de ocupação como no prosseguimento da batalha da produção em que sempre venceram.

Sim! A Solidariedade FOI, É, SERÁ SEMPRE, um muito importante estímulo para quem luta pela LIBERDADE-DEMOCRACIA-SOCIALISMO.

A “REVOLUÇÃO AGRÁRIA” BENEFICIOU DE UMA ENORME SOLIDARIEDADE. PODE-SE AFIRMAR, COM FUNDAMENTADO ORGULHO, QUE OS SEUS OBREIROS SOUBERAM HONRAR A MESMA COM A SUA FIRME E DETERMINADA LUTA, SEM DÚVIDA A MELHOR HOMENAGEM QUE PODERIAM PRESTAR A QUEM, COM ELES E POR ELES, LUTOU.

UMA LUTA SECULAR QUE CONTINUA…